O futebol moderno cobra intensidade com ou sem a bola – e Ancelotti trouxe esse boleto pra cima do jogador brasileiro.
Brasil 1 x 0 Paraguai. Não foi só mais uma vitória nas Eliminatórias. Foi mais um episódio da série: “Entenda ou será ultraado”. Ancelotti não reinventou a roda, mas girou o volante de um carro que há anos insiste em engasgar.
A grande virada está na frase dele:
“Pressionar é muito importante… mas tem que correr!”
Simples. Incômoda. E real.
Por aqui, crescemos ouvindo que "quem corre é a bola". Que craque bom é o que joga como ele quer e onde quer. Que correr é tarefa do volante ou do zagueiro. E que jogador diferenciado “não volta pra marcar”.
Pois bem. Na Europa, esses mesmos brasileiros viram que se não correrem, não jogam. Se não marcarem, não permanecem. E se não se doarem taticamente, não ganham nada. Por isso Vini Jr virou titular no Real. O Raphinha hoje tem sido apontado como destaque mundial no Barcelona. Martinelli se consolidou no Arsenal. E até Matheus Cunha, desacreditado por muitos aqui, virou peça de confiança por lá.
O Brasil ontem tentou ser intenso. Pressionou na saída. Compactou sem bola. Teve seus defeitos? Claro. O segundo tempo foi morno, o time ainda oscila. Mas é um processo. E o primeiro o é aceitar que talento sem entrega é vitrine sem estoque.
Antes, o futebol era assim:
“Joga pra mim que eu resolvo.”
Hoje, o futebol exige:
“Corre comigo, que eu te entrego o jogo.”
Ancelotti tá fazendo o brasileiro correr. Mas, mais do que isso, tá ensinando que correr com inteligência, com propósito, é o que separa o entretenimento da competitividade.